Quanto vale a reputação de uma marca? Para a Autoridade do Canal de Suez, o valor da reputação chega perto dos US$ 1 bilhão de dólares. Esse é o valor exigido à Bernerd Shulte, empresa alemã que alugou o Ever Given, operado pela Evergreen, para compensação de dados e “perda da reputação”. Para garantir o pagamento da multa, a equipe do navio não poderá deixar a embarcação no Egito após o fim dos contratos.
Crescimento no interesse pelo Canal de Suez nos últimos 12 meses no mundo. O auge do gráfico é no dia 23 de março, quando o Ever Given encalhou.
Para muitos, a quantia pode até parecer um exagero, mas será que é mesmo? Quanto vale a reputação de um lugar como esse? A logística global sempre funcionou muito bem sem que o público geral soubesse como ela ocorre. Ao comprar na She In ou na Wish, o consumidor não se pergunta qual a rota que o produto pegará até chegar em Curitiba e lá ficar (quem nunca?).
O que é o Canal de Suez
Porém, com a notícia do encalhe do Ever Given no Canal de Suez, muita gente se interessou em ao menos entender o motivo de um lugar no Egito se tornar tão conhecido. Foram memes — muitos memes –, horas no noticiário e muitas análises sobre o tema.
Tico tico pic.twitter.com/FpgU1xVyiD
— B.B. (@_BarbaraBB_) March 26, 2021
Meme publicado no Twitter 2 dias após o encalhe do navio. Eu ri.
Foram seis dias parados na Grande Lago Amargo e, a cada dia, cerca de US$ 9,6 bilhões em comércio ficaram retidos, segundo a Lloyd’s List. A seguradora Allianz estimou o prejuízo em US$ 10 bilhões por semana ao comércio global. O valor de mercadorias transportadas só no Ever Given era de US$ 750 milhões. Uau.
Essa conta é “fácil”, basta estimar o valor da carga parada no próprio Ever Given e nas mais de 400 embarcações que ficaram no congestionamento. Mas qual o dano desse acontecimento para a reputação do próprio Canal de Suez?
Reputação é a nova moeda
A eficiência de certos segmentos se nota pela ausência de buzz em torno dela. É assim com internet e telefonia (quando funciona bem ninguém nem percebe, mas basta cair pra ver o estrondo), serviços essenciais, como água, esgoto e energia elétrica e com logística — alguém sabe o nome das maiores transportadoras rodoviárias do Brasil?
Esses são os serviços mágicos, não se sabe como funciona, mas precisam funcionar adequadamente. E nesses casos, o não surgimento da crise vale muito. Pode perceber, as campanhas desses produtos não são nada parecidos com Casas Bahia, afinal, são essenciais, não há a necessidade de convencimento da compra do produto. Você precisa, ponto, acabou.
Várias dessas companhias que dão a sorte, ou o azar, de comercializar esse tipo de produtos vivem numa maré mansa. O produto precisa ser entregue, os consumidores precisam ficar felizes, mas não há uma grande preocupação à espreita, ou o surgimento de vários concorrentes. Até que o jogo vira.
Alternativas ao Canal de Suez
A passagem pelo Canal de Suez é o único caminho viável para alguns negócios: outros percursos podem demorar até 10 dias a mais e há o risco de piratas. Porém, para trajetos entre China e Europa, o modal ferroviário é uma possibilidade. Desde o acontecimento, empresas férreas intensificaram o investimento no marketing desses serviços, segundo reportagem do Valor Econômico.
O valor da indenização foi reajustado no último dia 24 para US$ 550 milhões ao invés dos US$ 916 pedidos anteriormente pela Autoridade do Canal de Suez. Ainda assim é um número extremamente alto porque eles sabem do prejuízo que já tiveram e que ainda poderão ter, principalmente com a concorrência, e com o descrédito nas relações internacionais.
Uma das últimas vezes que eu tinha ouvido falar no Canal havia sido na escola, talvez na sétima série, porém, agora, sempre que o William Bonner mencionar o nome, lembrarei do meme da cosquinha.
E você? Quais as suas opiniões a respeito? Qual o preço da reputação pra você?