Anos atrás, os líderes podiam ser enquadrados em um dos três casos: o pai, o professor e o chefe. Cabiam às pessoas nessas posições a tomada de decisão e orientação de seu subordinado de forma unilateral. Filhos, alunos e empregados eram avaliados seguindo critério autocrata do seu líder, no entanto esse modelo já se tornou ultrapassado para o mundo e os valores modernos.
Com foco principal na gestão de pessoas, vamos mostrar a diferença da função de um líder para de um chefe e como uma liderança inspiradora pode ser vantajosa para a reputação de empresas. E tudo baseado em quem entende do assunto: Silas Colombo, da MOTIM; e Matheus Bombig, da Invenis, nos ajudaram nessa reflexão. Confira:
As diferentes capacidades de trabalho e liderança
Grande parte das contratações são feitas a partir da avaliação das habilidades técnicas, físicas ou intelectuais de um candidato. Essas características de cunho mais “curricular” que preenchem a necessidade das empresas, são chamadas de hard skills.
Pouco a pouco, os contratantes vêm valorizando as habilidades como a capacidade de trabalhar em equipe, ser comunicativo ou carismático. – Essas características, por sua vez, são definidas como soft skills.
O ideal para um ambiente de trabalho harmonioso é que as habilidades dos líderes sejam equilibradas, de nada adianta ser extremamente capacitado para um cargo, possuindo formação e experiência acima da média, se tiver uma postura hostil com sua equipe.
Mas afinal, o que é ser líder?
Uma das analogias mais comuns para definir o trabalho do líder, é a do maestro. Esse profissional é o responsável por gerir cada instrumentista em uma orquestra, dando a ela sincronia, sintonia e harmonia. Os líderes, em empresas, devem prezar pelas mesmas qualidades em sua equipe e direcionar cada colaborador rumo ao objetivo em comum.
Um erro comum é confundir gestor com líder. Apesar de as funções serem complementares, nem todo gestor é, necessariamente, um líder. A liderança está muito mais ligada à característica pessoal dos profissionais – uma soft skill. Enquanto gestão, por outro lado, é uma posição que ele ocupa.
Líder, gestor e chefe
A diferença entre líderes e gestores muitas vezes não é clara para os profissionais e para as empresas e frequentemente vemos os termos serem tratados como sinônimos, embora tenham significados diferentes, como você viu acima.
Para o Great Place to Work, quem exerce a liderança é capaz de influenciar as pessoas a perseguir os objetivos comuns.
O CCO da MOTIM, Silas Colombo, vai além e ainda faz uma análise sobre o papel do chefe e do líder. Para ele, “o papel do chefe é dar ordens e impor regras, enquanto a missão do líder é compreender gente e influenciar seres humanos. A liderança é desenvolvida pela mútua confiança e respeito, a chefia é estabelecida pelo medo e temor.”
As características de um líder inspirador
Agora que você já sabe que ser um líder é muito mais do que apenas gerir uma equipe, já pode começar a incentivar esse comportamento em você ou nos gestores da sua empresa.
Ao compreender melhor a sua função em toda a cadeia de trabalho, um gestor pode desenvolver sua liderança e construir um ambiente de trabalho mais harmonioso e com resultados mais positivos para o negócio.
As características mais comuns em líderes inspiradores são, justamente, as que os aproximam das pessoas na equipe. Uma liderança que tenha foco no desenvolvimento de cada um, no bem estar e companheirismo tende a colher frutos positivos para todos e, inclusive, para inovação dentro da marca.
Entre as diversas soft skills que podem ser citadas para um líder inspirador, destacamos as seguintes:
Gratidão
Seja grato pelo que seus colaboradores fazem pelo time. Líderes que mostram estar atentos aos esforços da equipe conseguem impulsionar ainda mais o engajamento delas.
Posicionamento
Um líder deve se posicionar como parte da equipe, embora seja a pessoa que vai guiar o grupo em busca dos objetivos comuns. Esse gesto simples o coloca mais próximo do time e fortalece sua relação com ele.
Comunicação
Imprescindível a boa comunicação. Seja claro, coeso e saiba dialogar com as pessoas. Assim, como líder, você vai evitar desgastes desnecessários e erros motivados pelo não entendimento das tarefas.
Integridade
Toda relação é baseada na confiança. Entre líder e equipe não é diferente. Bom caráter e integridade são a base sólida para uma grande liderança. O fracasso dessa relação pode não ser a ausência de competência das partes, mas a falta de credibilidade em si.
Tudo começa na cultura organizacional
A cultura organizacional é um pilar estrutural e estratégico das empresas. A expressão é muito comum no contexto empresarial e significa o conjunto de valores, crenças e normas adotadas por uma determinada instituição.
Portanto, tem-se na cultura de uma empresa o alicerce principal para o êxito de uma liderança que consiga promover inovação, empoderamento e desenvolvimento de equipes, transformando as pessoas que a compõem em membros mais entrosados e participativos. Líderes inspiradores possuem papel fundamental na conexão entre as pessoas.
Para atingir esse grau de maturidade, Matheus Bombig, CEO e Founder da Invenis, que possui valores claros referentes a sua cultura organizacional, disse o seguinte: “busquei entender modelos de gestão diferentes dos praticados atualmente e que pudessem ajudar na criação de uma cultura que facilitasse a gestão das pessoas do time.”
Dessa forma, a liderança mostra seu enfoque na relação entre pessoas e, consequentemente, gera benefícios para o negócio como um todo interna e externamente.
Sua reputação só ganha!
Nos últimos anos, milhares de trabalhadores abandonaram seus trabalhos para buscar mais qualidade de vida, maior liberdade criativa e bom relacionamento com seus líderes. Entre julho de 2021 e julho de 2022, o país registrou cerca de 6,5 milhões de pedidos de demissão de trabalhadores – as razões mais comuns são piora na saúde mental, mau relacionamento e abuso moral, como mostra o CAGED.
Grandes empresas já mostram preocupação com essa realidade e vem tomando medidas para aumentar a retenção de colaboradores e prevenir danos à reputação da marca.
Esses valores colocam as marcas em posição de protagonismo de suas narrativas, as mantêm alinhadas ao comportamento geral da sociedade e do mercado. Para os gestores, apostar na melhoria de suas qualidade interpessoais e de liderança, pode significar ficar, ou não, dentro do mercado profissional.
