Não faltam motivos para defender as práticas de diversidade e inclusão nas empresas, muitas, inclusive, têm criado um posicionamento contínuo para fortalecer um movimento de busca por representatividade na comunicação com seus públicos.
Se, no início da última década, a discussão sobre diversidade nas empresas ainda engatinhava e as marcas que falavam sobre isso o faziam para atender uma “tendência”, hoje, o assunto é visto com muito mais seriedade por parte das empresas e do público.
Uma pesquisa feita pela marca Samsung mostrou que 85% dos brasileiros acreditam que marcas devem abordar assuntos relacionados à diversidade.
As empresas que valorizam as diferenças em sua cultura tendem a ser mais inovadoras, criativas e competitivas. Além disso, o tema é uma questão de justiça social e de respeito à individualidade de cada colaborador — sendo um filtro, até mesmo, para as marcas receberem investimentos, atrair consumidores e talentos do mercado.
O que as marcas estão fazendo pela diversidade
Se o tema é “diversidade nas empresas” o primeiro pensamento que um leigo no assunto pode ter é “basta contratar pessoas diversas”. No entanto, o problema é mais complexo que isso e necessita de ações mais profundas.
A contratação de grupos minorizados é uma das formas de solução, mas feita isoladamente, ela gera poucos resultados. Então, qual o melhor caminho?
A cultura das empresas
Grandes marcas têm investido em políticas e programas para promover a inclusão em suas equipes. Atrair um profissional LGBTQIAP+, preto ou pardo, por exemplo, é até fácil — visto que essas pessoas têm menos oportunidades no mercado tradicional. Agora, mantê-las no ambiente de trabalho de forma saudável e respeitosa é a verdadeira dificuldade.
É necessário educar os colaboradores e fazê-los ver a diversidade nas empresas como algo positivo para todos os envolvidos.
Possuir uma cultura sólida que tenha os valores de respeito e inclusão é o passo inicial, aliado a programas de inclusão que deem oportunidades iguais para todos crescerem dentro da empresa. Veja alguns exemplos:
- O iFood lançou, em 2021, o programa “iFood Inclui Pessoas Negras”, com o objetivo de contratar 300 profissionais de todo o Brasil para diferentes cargos em áreas administrativas. A meta é ter 40% de pessoas negras no seu time, e 30% em cargos de liderança até 2023.
- O Magazine Luiza é reconhecido por sua cultura organizacional voltada para a inclusão e acessibilidade. Desde 2013, a empresa oferece um programa de treinamentos para seus colaboradores em relação à inclusão da pessoa com deficiência no ambiente de trabalho. Os funcionários são treinados para que possam lidar da maneira certa com os colegas PCD ‘s.
- Em 2016, a Ambev lançou o grupo “Lesbian & Gay & Everyone Respected”, com o objetivo de discutir as melhores práticas para inclusão e bem-estar de pessoas LGBTQIAP+. O grupo funciona como uma rede de apoio, onde todos os membros podem compartilhar experiências, dicas e obter suporte no dia a dia.
Grandes empresas, grandes ações
Sabendo do impacto que a mídia tradicional exerce sobre a vida real, grandes corporações colocam o tema da diversidade nas empresas em outro patamar — além da contratação de pessoas e práticas para educar e fortalecer uma cultura diversa.
Esses gigantes da indústria sabem do seu alcance e estão fugindo do antigo tradicionalismo em ações de publicidade. As campanhas passaram a incorporar mudanças que colaboram com a inclusão de novos corpos, cores e culturas.
Fazendo isso, elas assumem a frente dessa discussão e encabeçam um processo de transformação social.
- A Avon, que assumiu grande protagonismo em desconstruir padrões, lançou uma campanha chamada “Dona dessa beleza” para valorizar a diversidade de corpos femininos. Muito motivada pela consciência de que as indústrias de cosméticos e moda são as principais responsáveis pela construção do ideal de beleza padronizado. A marca está na busca de “corrigir” esse ideal.
- Com a mesma intenção, a C&A, lançou a campanha “A Moda Que Queremos”, em que convidou consumidores de diferentes idades, tamanhos e etnias para serem modelos de suas roupas.
- Já a Coca-Cola, por sua vez, criou o “Empreenda como uma mulher”, que visa incentivar o empreendedorismo feminino, abrindo vagas para impactar 6 mil empreendedoras dos estados de Amazonas, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Com essas ações, além de promover a representatividade, as marcas se aproximam de novos públicos a partir de posicionamentos que trazem valor social à suas imagens. Considerando os anseios por responsabilidade ESG, cada uma dessas ações gera um retorno enorme às marcas.
Combatendo preconceitos: entenda o que são vieses inconscientes
Os vieses inconscientes são pensamentos construídos de acordo com referências culturais e sociais, expressando estereótipos e preconceitos. Ao longo das décadas, toda a sociedade humana passou por inúmeras transformações sociais e atos que hoje são impensáveis, já foram muito comuns.
As associações feitas entre tipos de pessoas e comportamentos, no entanto, ficaram fixadas no subconsciente de muitas pessoas. Por isso, as ações de diversidade nas empresas, na mídia ou no cotidiano comum são tão necessárias — elas ajudam a desfazer as associações preconceituosas que podemos ter sem perceber.
Na MOTIM, atuamos para combater esse tipo de comportamento. Além de estabelecermos uma comunicação clara e direta sobre a diversidade, com palestras de D&I para os colaboradores, buscamos trazer talentos que sejam compatíveis com a nossa cultura de respeito e comunidade.
Como construir uma narrativa de diversidade para a sua marca
Os exemplos trazidos neste artigo podem te inspirar a colaborar por um mundo mais igualitário e diverso. Para atuar nesse sentido, é preciso ter vontade e determinação, mas vamos listar pontos importantes para você começar:
- Dê voz a quem precisa. Para que sua empresa possa ter uma visão ampla dos desafios que a diversidade apresenta você terá que dar oportunidade a pessoas que fazem parte dessa luta. Ninguém fará uma análise sobre diversidade tão boa quanto uma pessoa de um grupo minorizado.
- Tenha uma política clara de inclusão e valorização. Essa política deve ser comunicada de forma clara e transparente a todos os colaboradores e consumidores, para que eles saibam que a sua empresa se preocupa com a diversidade. Ao admitir grupos diversos, certifique-se que todos possuem as mesmas chances de ascender na empresa, em cargos de liderança, por exemplo.
- Se posicione sem esperar nada em troca. Enriqueça seu time com pessoas diferentes, tenha um programa de contratação voltado a grupos minorizados, escolha uma causa específica para ajudar. Mas tudo isso, e quaisquer outras ações, deve ser feito sem interesse pessoal! — Se posicionar como uma empresa diversa vai impulsionar sua reputação, sim, mas não deve ser esse o motivo pelo qual investir. Ações feitas só “para mostrar” são facilmente descobertas e causam uma desvalorização muito grande a imagem da marca.
Em resumo, a diversidade nas empresas é um tema muito amplo e relevante, tanto do ponto de vista social quanto de negócios. Investir em políticas e programas de inclusão, além de criar uma narrativa de diversidade em suas campanhas publicitárias, ações de marketing e assessoria, pode ajudar a sua marca a se destacar no mercado, se conectando com um público cada vez mais consciente e engajado em questões como essa, em um ciclo muito positivo em favor de uma causa extremamente sensível e carente de atenção.